Surpreendidos ... ?!

Alberto S. Santos é natural de Paço de Sousa, Penafiel.
Entre 2008 e 2013 publicou: A Escrava de Córdova, A Profecia de Istambul e O Segredo de Compostela.
De Urbano Tavares Rodrigues a Pedro Sena-Lino reúne consenso entre os especialistas e críticos quanto à mestria com que usa o rigor histórico, a descrição pormenorizada dos ambientes e a forma mágica como mantém a atenção do leitor.
Alberto S. Santos quer captar a essência do tempo e resgatar os heróis desconhecidos de que os livros de História não falam. As falhas que ali encontra dão, por um lado liberdade para criar o romance, por outro lado dá a conhecer iatos da História mais interessantes. Frequentemente, implica o leitor em reflexões sobre o impacto do passado na atualidade.Integrada na Rota dos livros do Projeto Porto a Ler+, da Câmara Municipal do Porto, recebemos na Biblioteca o escritor Alberto S. Santos e trouxemos à sua memória e à sua emoção as personagens do livro "A escrava de Córdova".
Alunos do 11º ano no âmbito da disciplina de Português, incluíram a obra  no seu Plano Individual de Leitura  e deixando-se envolver pelos contextos políticos, culturais e religiosos do séc. X em que a trama acontece, deram voz às personagens e entrevistaram o seu criador. 


Algo surpreendido pelo o seu reencontro com as personagens deixadas em 2008, o escritor respondeu
às suas questões e "justificou" algumas das suas opções.

Ninguém nasce leitor. O leitor faz-se, constrói-se. E com os escritores também é assim? Esta foi a "senha" para que Alberto Santos falasse sobre "O Segredo do Terraço" da autoria de Raquel Fonseca que acabara de assumir o papel de Vivilde.

O autor recordou ainda que o melhor caminho para se ser escritor é ler e ler muito.


A aula de Português que contou com o escritor Alberto Santos teve a participação de Sílvia Vigário, professora de Inglês e bailarina de dança do ventre, que encerrou a sessão.

A habitual sessão de autógrafos foi acompanhada por chá turco e bolachas de gengibre.


Concertos Narrados - "A Bela Yara"

Realizou-se hoje, no Grande Auditório, mais uma edição dos Concertos Narrados.
A turma do 4º ano orientada pela professora Felisbina Antunes, deu voz e imagem à história tradicional brasileira, relativa ao mês de maio, A Bela Yara.









A Bela Yara

Ao cair de todas as tardes, Yara, que mora no fundo das águas, surge de dentro delas, magnífica.
Com flores aquáticas enfeita então os cabelos negros e brinca com os peixinhos escapole-escapole.

Mas no mês de maio ela aparece ao pôr-do-sol para arranjar noivo.
As mães preocupam-se com os seus filhos varões, sabedoras de que Yara quer noivos. Mas para os filhos, Yara é a tentação da aventura, pois há rapazes que gostam de perigo.
À medida que Yara canta, mais inquietos e atraídos ficam os rapazes, que no entanto não ousam arriscar-se.


Mas um dia, um tapuia sonhador e arrojado pescava de olhar perdido e pensativo. O tempo passou sem que desse conta de que o dia estava a chegar ao fim e que as águas serenavam.
Foi então que pensou ser uma ilusão o que via.
A morena Yara, de olhos pretos e brilhantes, erguera-se das águas. O tapuia tremeu de medo, o mesmo medo que todos tinham das sereias sedutoras.
Então largou a canoa e correu a abrigar-se na taba.
Mas não servia de nada fugir porque o feitiço da Flor das Águas já o enovelara. O tapuia lembrava-se do fascínio do seu canto e sofria de saudade. 
A mãe adivinhava o que estava a acontecer com o filho: olhava-o nos olhos e via a sua paixão.
Enquanto o tapuia sonhava, Yara, confiante do seu encanto, esperava que o índio tivesse coragem de casar-se com ela.

Um dia, nesse mês florido e perfumado de maio, o índio fugiu da taba e do seu povo e entrou de canoa no rio.
Ficou algum tempo à espera de coração trémulo e ansioso. Então, Yara, foi surgindo devagar, abriu os lábios húmidos e cantou suave, a sua vitória, pois sabia que levaria o tapuia consigo para o fundo do rio.


 Momentos depois mergulharam no profundo das águas e adivinha-se que houve festa.
As águas estavam como se nada tivesse acontecido.
















Mas à tardinha, sempre aparecia a morena das águas a enfeitar-se com rosas e jasmins, porque só um noivo, ao que parece, não lhe bastava.